
Histórias,
É isso que move o mundo. Desde o momento em que nascemos, já entramos no meio de uma
história que estava em andamento. E, sem pedir licença, começamos a viver a nossa — dentro de
um cenário muito maior do que conseguimos entender (ou do que gostamos de admitir).
A vida é um palco gigantesco. E quando a gente se dá conta de que está atuando nele, é normal
oscilar entre dois extremos: se sentir pequeno demais ou grande demais diante de algo tão vasto.
Mas e aí — como você enxerga a sua própria história?
A Bíblia diz algo que me pega de jeito toda vez:
Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir.” — Salmos 139:16
Esse é um daqueles conceitos que são simples de ler, mas profundos demais pra digerir de uma
vez só. Viver a história que foi escrita pra mim é um desafio diário — exige consciência,
coragem e, principalmente, autenticidade.
Porque, no meio do caminho, sempre existe o risco de começar a viver uma história que não é
sua. Isso acontece mais fácil do que parece — basta um encontro, uma influência, uma
expectativa alheia. E, sinceramente, a gente não tem controle sobre quando essas interseções
acontecem.
Mas tem uma coisa que é certa: nenhuma história é vivida sozinha. A minha cruza com a sua. A
sua com a de tanta gente. E nesse emaranhado, é fácil perder o fio da nossa narrativa.
Por isso, eu me pergunto com frequência e sugiro você fazer também:
“Qual história eu tenho contado pra mim todos os dias?”
Essa pergunta me traz clareza. Me ajuda a voltar pro eixo. Porque é muito fácil estar no lugar
errado achando que está tudo certo — só porque acostumou com o roteiro.
Às vezes, essa história que repetimos pra nós mesmos vem de palavras que ouvimos demais, de
padrões que impuseram sobre nós, de relações que marcaram a paisagem, de experiências que
viraram filtros. Mas viver com base em um único capítulo pode distorcer a visão do todo.
E a verdade é: nenhuma vida se resume a um capítulo. Capítulos terminam. Cenários mudam. E
isso não é sinal de fracasso — é sinal de movimento, de crescimento, de vida acontecendo de
verdade. E é justamente aí que mora a beleza de viver uma vida inteira — com recomeços, com
edições, com reescritas.
Como disse Mo Willems, com uma simplicidade genial:
“Se você se encontrar na história errada, saia dela.”
E o melhor: você pode reescrever a sua quantas vezes for preciso.